A história do Balneário Cassino remonta ao século 19 e representou uma série de inovações administrativas, comportamentais e de infra-estrutura no contexto das aspirações de elites provinciais em reproduzir os hábitos burgueses da Europa no extremo sul do Brasil. A proposta surge em 1885, associado à ligação deste balneário com a cidade do Rio Grande através de uma via férrea. Em 1884, Rio Grande passa a contar com o transporte urbano feito por bondes e neste mesmo ano é inaugurada a Estrada de Ferro Rio Grande-Bagé. Discussões a respeito da construção de um Porto para navios de maior tonelagem foram ampliadas nos anos posteriores até a construção dos Molhes da Barra e Porto Novo, inaugurado em 1915. Representantes da elite industrial e comercial da cidade projetaram a construção de um balneário planificado e fundado na concepção do banho de água salgada como um benefício para a saúde humana.
A prática dos banhos de mar
na Europa firmou-se nos séculos 18 e 19, estando associado a uma concepção
medicinal que considerava o banho marítimo como um remédio para problemas de
saúde. Nesta concepção, a praia consistia num espaço a ser freqüentado por elites
em sintonia com os referenciais médico-terapêuticos europeus. Inspirados na
fama dos balneários franceses de Dieppe, Deauville e Biarritz, precursores dos
banhos de mar com finalidade medicinal, empresários locais arrojaram-se em
busca do capital indispensável para a concretização do empreendimento. O
projeto apresentado em 1885 pela Companhia Carris Urbanos, basicamente foi
fundamentado na extensão da ferrovia da cidade até o futuro balneário, na construção de um hotel e numa
linha telefônica. Um espaço planificado para o estabelecimento de um balneário
marítimo representou uma inovação no Brasil. A inauguração oficial do Balneário
deu-se com a abertura do tráfego ferroviário em 20 de janeiro de 1890 e com o
transporte de passageiros no dia 26 do mesmo mês.
Balneário Cassino: o nascimento do banho de
mar planificado no Brasil,
Luiz Henrique Torres
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